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Estudo Sobre Malaquias
Estudo Sobre Malaquias

Malaquias, A Sacralidade da Família  

I - Nome do autor

- Nada se sabe a respeito da pessoa de Malaquias, fora do livro que leva o seu nome. Como ele foi o último profeta do Velho Testamento, a priori seria de esperar que fosse bem conhecido dos organizadores do Cânon. O fato, sem dúvida, de que o seu nome não é mencionado em outra parte do Velho Testamento, traz dúvidas a alguns estudiosos se Malaquias foi o nome pessoal do profeta. Contudo, a partir de Áquila, Simaco e Teodociano, no século 2 d.C., “Malaquias” tem sido geralmente considerado como um nome próprio. Nenhum dos outros profetas do Velho Testamento é anônimo. Seu nome significa “meu mensageiro” e corresponde exatamente na forma à expressão “meu mensageiro” em Ml 3:1, comparando-se com Ml 2:7. A partir de um ponto de vista lingüístico, “Malakhi” pode ser razoavelmente considerado como uma abreviação de “Malakhiyah”, cujo significado é “mensageiro de Javé ”(Ag 1:13). Contudo, o nome “Malaquias” pode ter sido apenas um título ou um nome de guerra adotado pelo profeta, em vez do seu nome de nascimento, como se supõe, sendo apenas o nome de sua vocação ao ofício profético. Porque ele,mais do que outro profeta, deve ter sido um herói espiritual para atacar o sacerdócio como o fez. A significação do seu nome é, portanto, expressiva. O título do seu livro é sugestivo. A frase com que é iniciado “Peso da palavra do Senhor” também se encontra em Zacarias 9:1 e 12:1 e em nenhuma outra parte, nesta exata forma, em todo o Velho Testamento. Por isso presume-se que seja enfático, mesmo que se trate da obra de um editor. A Septuaginta agrega “pela mão do seu mensageiro” e o Targum de Jonatan “pela mão do meu Jerônimo” também designa o livro como sendo de Esdras. Certas tradições o atribuem a Zorobabel e Neemias. Outros, todavia, a Malaquias, a quem designam como tendo sido um levita e um membro da Grande Sinagoga. Talvez por causa disso a melhor significação do nome “Malaquias” seja tomá-lo como um adjetivo equivalente à palavra “Angelicus”, cujo significado é “encarregado de uma missão ou mensagem, portanto um missionário (Comparar o nome Ageu que significa “Festo”). O nome resulta, assim, num título apropriado a alguém, cuja mensagem encerra, por assim dizer, o Cânon profético do Velho Testamento. Finalmente, a identidade do autor não é essencial para a autenticidade de sua mensagem. Em todo o caso, o escritor possuía uma personalidade forte e vigorosa.

II - O período do profeta

- O livro guarda silêncio quanto à data de sua composição. Existem várias opiniões (assinalando-se a de Winckler, exatamente o período anterior ao surgimento dos Macabeus), porém, universalmente, ser e conhece que o autor foi contemporâneo de Esdras e Neemias, tendo escrito, mais ou menos, em 458 ou 422 a.C. Sellin, sem dúvida, prefere datá-lo de mais ou menos 470 a.C. As condições sociais retratadas são, indiscutivelmente, do período persa. O Templo, que havia sido reedificado e consagrado em 516 a.C., estava de pé e a rotina dos sacrifícios havia continuado a realizar-se, por muito tempo. Evidentemente, os edomitas estavam no desterro, pois haviam sido expulsos de sua pátria, nas montanhas, pelos nabateus, pouco depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C. Sérios abusos haviam acontecido na vida dos judeus. Os sacerdotes haviam se tornado relaxados e degenerados. Sacrifícios defeituosos eram oferecidos sobre o altar do Templo, com o povo se descuidando de entregar o dízimo. O divórcio era comum, o pacto com Javé fora olvidado e o povo havia se tornado céptico em relação à sua justiça, duvidando seriamente de sua adoção como povo especial de Javé. Eram estas, como sabemos, precisamente, as condições que prevaleciam, também, no tempo de Neemias (Ne 3:5; 5:1-13) .Na opinião de muitos, sem dúvida, Malaquias não poderia ter profetizado enquanto Neemias oficiava como governador. Porque em Ml 1:8 ele dá a entender que dádivas poderiam ser oferecidas ao governador, enquanto Neemias nos diz que ele próprio deixara de exigir os tributos oficiais (Ne 5:15-18).Contudo, como acertadamente observa Elmslie, “uma dádiva para conseguir o favor é uma coisa bem distinta e, além disso, a referência não é pessoal nem local, mas geral e puramente ilustrativa”. Os abusos atacados pelo profeta correspondem, sem dúvida, aos que Neemias procurou corrigir em sua segunda visita a Jerusalém, em 432 a.C. (Ne 13:7, ss).O que Malaquias exorta o povo a lembrar-se era da Lei de Moisés, a qual foi lida publicamente por Esdras, no ano 444 a.C. e está em perfeito acordo com esta conclusão, apesar do fato de que alguns, baseando-se na alegada publicação tardia dessa lei, argumentam por uma data mais recente, anterior ao tempo de Esdras (458 a.C.). Outros, até mais sensatamente, atribuem a origem do livro ao período entre as visitas de Neemias a Jerusalém, em 445 e 432 a.C. Contudo, seja qual for a nossa conclusão quanto à exata posição do livro, ele assinala uma época significativa da história religiosa de Israel, durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, o qual reinou de 465 a 425 a.C.

III O estilo do autor

- A unidade do livro de Malaquias (com apenas 55 versos) não se disputa. Ele se contentou em escrever em prosa, mesmo sendo raras vezes prosaico. A expressão “diz o Senhor dos Exércitos” aparece 20 vezes. Seu Hebraico é puro e comparativamente livre de “aramaicismos”. É difícil dizer se alguma vez Malaquias pronunciou como sermões o conteúdo do seu livro. Em todo o caso, os elementos substanciais que o compõem estão estreitamente ligados entre si, sendo o livro a obra de um advogado legal e de um racionalista moral, que tinha um plano definido e detalhado para argumentar. Sem dúvida, o seu estilo é inferior ao de alguns dos profetas de antes do cativeiro, mas, na certa, ele possui um vigor e uma força raramente superados por eles. De vez em quando ele revela uma imaginação profética digna dos seus antecessores. Também nele há um ritmo e um paralelismo próprios (Ml 1:11; 3:1,6,10; 4:1). Suas figuras são sempre castiças e belas (Ml 1:6; 3:2-3; 4:1-3). O método literário de Malaquias era o dos escribas, fazendo e respondendo perguntas. A forma do seu livro nos mostra que no seu tempo já não havia paciência com os pregadores proféticos. Ele tem de recorrer ao argumento. Era o Sócrates hebreu. Seu estilo era novo entre os judeus. É conhecido como método didático - dialético. Primeiro ele faz uma carga de acusações. Logo imagina que alguém faça uma objeção, a qual ele, em seguida, se dispõe a refutar em seus detalhes, provando a verdade de sua proposição original. Encontra-se em seu livro sete exemplos desse método peculiar de: a) afirmação, b) interrogação; c) refutação. E a expressão “Mas vós dizeis” aparece 8 vezes (Ml 1:2,6,7;2:14,17;3:7,8,13), por exemplo:

1. - “Eu vos tenho amado, diz o SENHOR. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o SENHOR; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto”. 2. - “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível” (Ml 1:6,7).

2. - “O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está aminha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é desprezível”

(Ml 1:6,7).

3. - “Não temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Porque agimos aleivosamente cada um contra seu irmão, profanando a aliança de nossos pais? Judá tem sido desleal, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho. O SENHOR destruirá das tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que apresenta uma oferta ao SENHOR dos Exércitos. Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o altar do SENHOR de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais” (Ml 2:10-16).

4. – “Enfadais ao SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o enfadamos? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que ele se agrada, ou, onde está o Deus do juízo?” (Ml2:17).

5. - “Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?” (Ml 3:7). Aqui Malaquias não perde tempo em responder, por causa da falta de sinceridade na pergunta deles.

6. - “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas”. (Ml 3:8)

7. – “As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? Vós tendes dito: Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Ml 3:13-14). Esse estilo de controvérsia é peculiarmente característico de Malaquias. Ele mostra claramente a influência das escolas e está se encaminhando para o tribunal. Além disso, o seu uso de “ainda” (Ml 1:13 e 2:13) que equivale ao nosso “em primeiro lugar” e “em segundo lugar”, é uma evidência adicional ao mesmo efeito. Sem dúvida, apesar da uniformidade mecânica sob a qual ele trabalha, e às abruptas transições que ele faz de um tema para outro, suas profecias são cheias de vigor e força, aplicando verdades antigas com uma originalidade e fervor singulares. Pode-se dizer que o seu livro é o mais argumentativo de todas as profecias do Velho Testamento.

IV - Conteúdo do livro

- Malaquias começa com uma declaração clara e definida do tema principal do profeta, isto é, que Javé ainda ama Israel (Ml 1:2-5) e termina com uma palavra de fervorosa exortação para que o povo se recorde da Lei de Moisés (Ml 4:4-6). O corpo do livro é composto de duas extensas polêmicas:

1. - Contra os sacerdotes infiéis que se tornaram descuidados e indiferentes na realização dos cultos no santuário (Ml 1:6 a 2:9)

2. – Contra o povo infiel que começa a duvidar, tanto do amor como da providência de Deus (Ml 2:10 a 4:3). Há dois objetos especiais de sua censura: a maneira indigna com que se observava o culto, do que eram os sacerdotes mais culpados que os outros, e o de se separarem, sob frívolos pretextos, das mulheres judias para se casarem com mulheres pagãs. Por causa disso virá o juízo de Javé. À parte do título ou sobrescrito (Ml 1:1), o livro compreende naturalmente as sete divisões seguintes:

1. - Cap. 1:1-5 - Em que o profeta mostra que Javé ainda ama Israel, porque a sorte de Israel está em contraste muito acentuado à de Edom. Mesmo após ter sido desterrado, Israel foi trazido de volta do cativeiro, tendo sido disciplinado apenas temporariamente. Edom, ao contrário, foi permanentemente expulso de suas montanhas e nunca mais voltará, ficando desterrado irreparável e inexoravelmente.

2. - Caps 1:6 a 2:9 - Uma denúncia contra os sacerdotes e levitas, que se tornaram relaxados em seu ofício sacerdotal, indiferentes à lei, tendo olvidado o pacto com Javé. Seria melhor fechar as portas do Templo, exclama o profeta, do que oferecer semelhantes sacrifícios de maneira tão indiferente. Malaquias prega arrependimento com intensa seriedade.

3. - Cap. 2:10-16 - Uma severa repreensão ao povo pela sua crassa idolatria e pelo divórcio. Esta seção só pode ser interpretada como apenas metafórica, referindo-se ao abandono de Israel da religião de sua juventude. Ao contrário, é claro que o povo é repreendido por repudiar, literalmente, suas próprias mulheres judias, a fim de contrair matrimônio com as estrangeiras. Esses matrimônios, diz o profeta, não é apenas uma forma de idolatria, mas também uma violação do desejo de Javé de conservar a descendência digna do Senhor. (Ml 2:14-15).

4. - Caps. 2:17 a 3:6 - Um anúncio do juízo vindouro. Os homens haviam chegado a duvidar seriamente da existência de um Deus de justiça (Ml 2:17). O profeta responde com uma linguagem messiânica de grande significação, dizendo que o Senhor a quem o povo busca virá repentinamente em juízo, tanto para purificar os filhos de Levi como para libertar a terra dos pecadores em geral. Sem dúvida, pelo fato de que Javé não muda, os filhos de Jacó serão todos consumidos (Ml 3:6).

5. - Cap. 3:7-12 - No que o profeta se detém para dar outros exemplos dos pecados do povo é que este tem deixado de entregar os seus dízimos e ofertas.Por isso tem sofrido a seca, a locusta e a fome. Contudo, se voltarem a entregar pontualmente as suas ofertas, a terra se tornará “uma terra deleitosa”.

6. - Caps. 3:13 a 4:3 – Uma seção dirigida aos desconfiados da época do profeta. Em Ml 2:17, eles perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” Agora eles murmuram: “Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” Os maus prosperam, assim como os bons (Ml 3:14-15), porém o profeta contesta que Javé conhece os seus e tem um memorial diante dele em favor dos que o temem e dos que se lembram do seu Nome (Ml 3:16). É possível que nisso tenhamos o germe da sinagoga dos tempos posteriores. Porque,quando chegar o Dia do Juízo e os bons forem separados dos maus, os que tiveram praticado iniqüidade serão exterminados. Entrementes, sobre os que tiverem praticado a justiça e temido o nome de Javé, “nascerá o sol da justiça”, trazendo eterna cura em suas asas.

7. - Cap. 4:4-6 - Conclui com uma exortação a que se obedeça a Lei de Moisés,com a promessa de que o Profeta Elias virá para convocá-los ao arrependimento (visto como este nada pode fazer a não ser condenar). É uma confissão tácita da parte de Malaquias de que ele está para cessar o seu ofício.

V - Avaliação da mensagem de Malaquias

- Sendo um ardente patriota, sua linguagem era, por conseguinte, clara e, ao mesmo tempo, exigente. O seu primeiro objetivo quando à própria época era o de animar um povo já desencorajado, o qual, como se presume, estava decepcionado porque as predições otimistas de Ageu e Zacarias sobre o reino messiânico não haviam se cumprido. Uma séria reação havia começado, com homens começando a duvidar da providência de Deus. Uma nova reforma se fazia necessária. Por outro lado, o seu propósito espiritual foi o de preparar o caminho para avinda do Messias. Para fazer isso, ele deu ênfase aos seguintes pontos principais:

1.-O verdadeiro valor do ritual (Ml 1:6 e seguintes). Tanto quanto Ageu Malaquias dá ênfase ao ritual – um ritual honesto, aborrecendo um ritual comprometido de meia sinceridade. Convoca o povo ao fervor religioso e insiste na pureza e sinceridade do culto público. Os profetas antigos haviam denunciado a estrita adesão ao ritual, quando este usurpava o lugar do culto espiritual e ético de Javé. Porém as circunstâncias haviam mudado nos tempos de Malaquias e foi necessário insistir na própria observância da lei cerimonial. Para ele também a lei cerimonial não tinha valor em si mesma, a não ser quando expressava devoção, reverência e obediência. O mero ritual era pior do que qualquer culto e melhor do que as portas do Templo ficarem fechadas: “Quem há também entre vós que feche as portas por nada, e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão. Mas desde o nascente do sol até ao poente é grande entre os gentios o meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao meu nome incenso, e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre os gentios, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Ml 1:10-11). Esta passagem se interpreta com freqüência como um reconhecimento da parte de Malaquias da sociedade religiosa dos gentios e como um tributo ao verdadeiro e melhor da religião pagã. Driver, por exemplo, usa isso como um texto ao pregar “A Religião Comparada”. Otley também crê que ele indica uma forma de devoção pagã, a qual Javé se inclina a aceitar. Porém a expressão “Meu Nome” usada três vezes no versículo faz com que essa interpretação seja altamente improvável. O ponto de vista de Malaquias é de preferência este: os judeus da dispersão além dos limites da Palestina, espalhados em todas as partes do mundo pagão, onde quer que existam colônias judaicas, (nessa época havia uma em Elefantina, no Alto Egito), trazem sacrifícios a Javé, os quais, como expressão de culto honesto, envergonham o culto de meia sinceridade e de nenhum valor dos sacerdotes indiferentes de Jerusalém. Como observa J. M. P.Smith: “É muito evidente que o autor desta profecia havia participado das opiniões dos colonos quanto à legitimidade do culto sacrifical em solo estrangeiro e tenha pensado, ao escrever, em santuários tais com o de Elefantina”. Malaquias não era um mero formalista.

2.O crime do divórcio - (Ml 2:10 e seguintes) - Para ele o divórcio sem razão era um pecado contra o amor de Javé e um crime contra a fraternidade humana. Ele significava uma violência ao pacto sagrado com Deus, envolvendo a idolatria. Era uma traição à mulher de sua mocidade, destinada ao fracasso, por destruir a santidade do lar e o propósito divino de ser assegurada uma “descendência para Deus”. O ápice do argumento do profeta se encontra em Ml 2:15: “E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito,e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade”. Nesse caso, Malaquias era um cristão em matéria de divórcio. Ninguém disse uma palavra mais elevada nesse sentido, além do próprio Senhor Jesus Cristo.

3. - A Vinda do Messias e o seu Reino - (Ml 3:1 e seguintes) - O ensino messiânico de Malaquias é muito resumido. O estabelecimento do Reino de Deus será precedido pelo Dia do Senhor, ocasião de purificar a refinar. O próprio Senhor vai inaugurá-lo: “EIS que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ml 3:1).

Esse notável anúncio messiânico foi causado pelas dúvidas do povo – se Javé ainda era um Deus de justiça (Ml 2:17). O profeta lhe apresenta uma nova “teodicéia”, a qual não chega a ser nova, visto como Isaías já havia ensinado a doutrina do “remanescente fiel”. O Dia do Senhor de Joel foi adiado, dilação completamente devida ao amor de Javé. Ele ainda se dignará de enviar Elias, o grande advogado da decisão religiosa, a fim de sanar as dissensões na nação, antes que venha Aquele que é grande e terrível (Ml 4:6). A garantia aqui oferecida - de que estava para surgir uma Idade Áurea - deve ter animado sobremodo os decaídos e a fé vacilante do povo judeu. Malaquias acreditava muito firmemente que em seu devido tempo viria o Libertador Divino. Por isso ele insiste veementemente com o povo para que este creia em seu próprio futuro. O caráter especial das passagens de Ml 3:14 e 4:2 é formoso.

4. - A disciplina eterna da lei - (Ml 4:4-6) - Finalmente Malaquias dá ênfase à necessidade da guarda da Lei de Moisés. Antes ele havia repreendido os sacerdotes em sua profecia, os quais eram guardiões e expositores da lei, por haver observado como muitos tropeçaram (Ml 2:7-8). Também havia admoestado o povo, dizendo-lhe que a obediência à lei é o único meio seguro de se alcançar a bênção, afirmando, com ênfase quase dramática, que a razão da maldição trazida à nação fora que o povo havia esquecido de guardar a lei (Ml 2:17; 3:12). É mais que evidente que o povo já começava a sentir o efeito de sua familiaridade mais íntima com as nações que estavam ao redor. Cada dia ele observava mais os antigos ritos e crenças. Malaquias contrabalançava essa tendência, examinando a Lei de Moisés, que havia sido a verdadeira causa da fortaleza nacional. Ele não era um criador, mas sabia como conservar a herança espiritual do passado. Entender a lei é fácil. Apreciá-la é uma tarefa bem mais difícil. Malaquias pensava, assim como o próprio Cristo, que nem um jota nem um til deveriam ser esquecidos. Ele buscava uma descendência para Deus. “Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade”. Nesse caso, Malaquias era um cristão em matéria de divórcio. Ninguém disse uma palavra mais elevada nesse sentido, além do próprio Senhor Jesus Cristo.