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O LAVAR OS PÉS AOS SANTOS - Doutrina
O LAVAR OS PÉS AOS SANTOS - Doutrina

O LAVAR OS PÉS AOS SANTOS 

Doutrina

 

Algumas organizações eclesiásticas observam o mandamento dado por Jesus Cristo aos seus discípulos e registrado na bíblia, no evangelho de João capitulo 13, de literalmente lavar os pés uns dos outros. Em diversas ocasiões alguns líderes têm levantado questionamentos acerca desta doutrina. Seria correta a prática de lavar os pés no seu sentido literal?


Para compreendermos melhor este tema, a primeira coisa que precisamos fazer é deixar de lado os “achismos”, humilhando-nos na condição de servo do Senhor (Escravo - título mais nobre conhecido através da bíblia) e colocando-nos a inteira disposição do Espírito Santo (que nos guia a TODA verdade), respeitando o silêncio da Palavra de Deus e não negligenciando as estampas dos ensinos sagrados.

Em nossos estudos teológicos aprendi a praticar um princípio da teologia e quero ensinar ao caro leitor a praticar o mesmo:

“Falar com clareza onde a bíblia fala. Calar com consciência onde a bíblia cala. E aquilo que não compreendemos no momento, orar e aguardar com paciência até que nos seja de alguma forma revelado. Esta colocação é usada em razão de corrermos o risco de falar o que a bíblia não disse, ou omitir o que a bíblia diz com clareza”. Jesus disse a Pedro: “O que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois...” (v. 7).

Muitas pessoas sempre perguntam: se o ato de lavar os pés é de fato mandamento doutrinário, porque então Mateus, Marcos e Lucas não escreveram absolutamente nada a esse respeito, até mesmo o apóstolo Paulo em sua sabedoria na instrução da celebração da ceia não tocou no assunto? Teriam eles omitido a verdade? Ou não deram valor a este ensinamento tão importante?

Comecemos analisando o que Jesus quis nos ensinar com esse ato:

Na passagem de São João, capítulo 13, versículos de 1 a 20, acontece algo interessante: Jesus lava os pés dos discípulos e em seguida dá instruções claras para que eles fizessem o mesmo. Esse foi um ato cerimonial com o objetivo de levar seus discípulos a refletir sobre a importância de “estarem sempre prontos para servir”, em cumprimento ao texto de Mateus 20 v. 28.

É interessante frisar que Jesus antes de se abaixar e lavar os pés dos discípulos, estrategicamente permitiu que alguns fatos importantes acontecessem ante aos olhos de seus discípulos:

Jesus levantou-se da mesa, retirou sua veste sacerdotal, pegou uma toalha e colocou na cintura (v. 4). Acredito que nesse instante os discípulos começaram a olhar atentamente para ver o que iria suceder... Isso traz um significado muito importante, pois Jesus sendo mestre em Israel tinha boa representatividade ainda que os judeus não acreditassem nEle, porém abriu mão de sua majestade, deixou seu trono de glória ao lado do Pai, se inclinando a fazer aquilo que era considerado a humilhação da humilhação. Ele não se importou com o que os discípulos ou até mesmo algumas pessoas iriam pensar a seu respeito, simplesmente executou sua tarefa, começando a instruir aqueles que pouco mais tarde seriam os responsáveis da Escola de Discipulados da Igreja Primitiva. No mesmo capítulo (v. 6), o apóstolo Pedro aparece em cena, se levanta e indaga a Cristo em razão de sua atitude. Na verdade poderíamos afirmar que Pedro estava “correto”, quando olhamos do ponto de vista humano. Ele sabia a qualificação de quem lavava os pés (costume judaico) e reconhecia que Jesus sendo o próprio Deus, não deveria se posicionar na condição de servo mais humilde. Porém Pedro logo foi repreendido de forma severa por Jesus Cristo, por querer interpretar Seu ensino precipitadamente e com uma mentalidade carnal e humana. Veja Isaias 55.8, o Senhor disse que a nossa [Forma Humana] forma de pensar está equivocada... Por isso repreendeu severamente a Pedro quando rejeitou o ato de Jesus lavar seus pés.

Em seguida, Jesus levanta e instrui os discípulos a dar seqüência, durante a trajetória da Igreja Primitiva, em seu ensino no sentido literal, porém, não como um ritual sem a compreensão da visão e instrução cerimonial, mas com entendimento. Ele logo pergunta: “Entendeis o que eu vos tenho feito?” (v.12). Jesus nos dá em João 13, versículos 14 e 15 um mandamento, com sentido aplicado no imperativo, conjugado em uma ação presente, ou seja, Ele disse claramente: Façam agora e depois continuem a fazer aquilo que aprenderam de mim. Observe com atenção nos versículos 14, 15: (“...Vós DEVEIS lavar os pés uns dos outros...”),(“... Como eu fiz, FAÇAIS vós também”). Os verbos que aparecem no texto indicam uma ação continuada, segundo nossas instruções o VERBO indica AÇÃO do SUJEITO.

Eu não estou muito preocupada o porquê Mateus deixou de falar sobre o ensinamento em seus escritos, tão pouco me preocupo se Marcos ou Lucas e até o Apóstolo Paulo não se pronunciaram sobre o ato, isso não nos daria o direito de afirmar que eles não praticaram o mandamento em seu sentido literal. O que mais me alicerça é que as instruções literais vieram da boca do próprio Cristo num tom imperativo inegável (vs. 14 e 15): “Deveis-Vos Lavar...” “... Façais-Vos também”. Sinceramente não vejo nada demais em ser considerado como bem aventurado (v. 17). Gostaria muito que algum iluminado pudesse mostrar-nos de forma clara e sucinta, onde está o pecado em obedecer literalmente a Jesus Cristo, sem omitir o verdadeiro sentido do ato.

Por outro lado, analisando a passagem de Mateus 28, versículos 19 e 20, na grande comissão Jesus fala aos mesmos discípulos que eles deveriam ensinar TUDO o que Ele havia ordenado. Creio que isso não excluía a doutrina de “lavar os pés uns dos outros”.

Lavar os pés, em seu sentido literal, mas sem compreensão deste tão importante ato, seria ignorância dos que o fazem, pois seria o mesmo que comermos o pão e tomarmos o vinho sem discernir com inteligência o Corpo de Cristo. Os dois atos são cerimoniais a fim de trazer à memória o que devemos fazer no cotidiano de nossa vida cristã.

Afinal, Jesus disse: “Fazei isto em MEMÓRIA de mim”. O simples fato de comermos o pão e bebermos o cálice em seu sentido literal, não significa que de fato estamos em comunhão no nosso dia a dia. A comunhão do Corpo precisa estar acontecendo antes da celebração cerimonial no Corpo (Eclésia). Na realidade esses elementos REPRESENTAM aquilo que já estamos vivenciando (Representação) e embora não seja doutrina bíblica a realização da santa ceia em todos os meses, alguns não abrem mão dessa cerimônia mensalmente; outros chegam a pensar que estarão em pecado se não a fizer no primeiro domingo de cada mês..., até mesmo cheguei a ouvir num programa televisivo através de um “ líder conhecido” que dizia o absurdo de que: “A igreja que não toma a santa ceia todos os domingos, está macumbada”. Acredite, isso foi fato. Fica claro que para mim particularmente, essa pessoa necessita de cuidado intensivo psiquiátricos.

Por que então não obedecer ao cerimonial do lava pés periodicamente?

Vale lembrar que o lavar os pés não era pratica habitual apenas no dia da ceia. Na passagem de I Timóteo 5, versículos 9 e 10, o Apóstolo Paulo fala de alguns requisitos a serem preenchidos pelas mulheres legitimamente viúvas na igreja... Um deles era “se lavou os pés aos santos” (v. 10). É bem verdade que alguns líderes entendem que o “lavou os pés...” que aparece neste texto, refere-se a práticas de bondade ou misericórdia. Todavia o texto se completa ao dizer: “...se socorreu os aflitos, se praticou toda BOA obra...”

A Igreja da Profecia da Deus, adotou que se façam todas as vezes que celebrarmos a santa ceia do Senhor, porém se o fizermos também em outras ocasiões não vejo problemas.

Para muitos escritores e para o escritor dos comentários no rodapé da Bíblia de Estudos Pentecostal, aliás, muito rica em vários estudos e conhecida por muitos crentes no Brasil, a doutrina do “lavar os pés ao Santos” não é um invencionismo. Veja qual é o pensamento do teólogo:
“A igreja primitiva parece ter seguido o exemplo de Jesus obedecendo literalmente a sua admoestação de humildemente lavar os pés uns dos outros com amor...”.

É evidente que a palavra “parece” no texto acima traz livramento da indagação do “porque” os irmãos pertencentes a essa organização não praticam literalmente este ensinamento, cujo parecer foi ventilado a respeito desta ordenança.

Quando li o livro “O Avivamento na Rua Azuza”, segundo uma parte da história, diz que no passado, há pouco mais de 100 anos atrás, os crentes americanos “brancos” agiram por um determinado tempo com discriminação com os líderes negros que eram fundadores da Igreja de Deus em Cristo, conhecida como o berço do reavivamento do pentecostalismo, então se separaram e por essa razão surgiram as “Assembléias de Deus”. Porém num encontro de concerto entre as duas raças, como prova de que os brancos não são maiores que os negros, nem os negros maiores que os brancos, os americanos brancos lavaram os pés dos negros e os negros lavaram os pés dos americanos brancos e o nó foi desatado, trazendo uma renovação pentecostal jamais experimentada pelos crentes da época. Jesus nos convida a termos “a toalha sobre os braços”, pois todos somos iguais aos olhos de Deus e chamados a ser servos.

Os que reprovam tal ensino querem tomar o lugar de Cristo, como Pedro quando disse: “Nunca me lavarás os pés” (v. 8), é como se esse dissesse: “Eu sei o que estou falando...” mas na realidade se estremece quando Cristo diz: “ Se eu não te lavar os pés, tu não tens parte comigo” ( v. 8).

Quando todos os cristãos começarem a lavar os pés uns dos outros, creio que não haverá homem grande no arraial de Deus, pois as “estrelas do evangelho” darão lugar a luz do Espírito Santo para agir e o orgulho não encontrará espaço; quando aquele “grande presidente” de uma Organização Eclesiástica “importante” puder se abaixar, em todos os sentidos, e lavar os pés aos santos, então deixará de inventar pretextos com argumentos que os libere de cumprir os mandamentos bíblicos. Quando muitos descerem de seus títulos nobres e deixarem de ser servidos, de ser adorados, para servir aos pequenos da forma mais humilde; quando os grandes líderes com seus grandes recursos que foram conseguidos através dos humildes servos, puderem perguntar aos menos favorecidos: Em que posso servir-los? Quando não houver discriminação em meio ao povo que se chama povo de Deus, aí então vejo a igreja como Noiva, que começa a se adornar a espera de seu noivo. Aleluia!